O
FILME DO MOMENTO
A
série que no momento passa nas televisões de todo o mundo, suscitando reações
epidérmicas em muitos espetadores, relata-nos uma história que, não sendo
inédita, é muito peculiar. Mas para se perceber o enredo é necessário segmentar
a série em várias partes.
1.ª
parte
O
grupo Almeida&Filhos produzia e comercializava vários tipos de cobiçados
produtos. Entre eles automóveis topo de gama, que lhe custavam 50 mil euros e
que colocava no mercado ao preço de 100 mil euros. E não faltavam compradores.
O
sr. Grade era um campónio que ansiava por ter um desses automóveis. Mas como
aceder-lhe se custavam 100 mil euros?
Não
há problemas: Almeida&Filhos também tinha forma de conceder crédito para
que o sr. Grade pudesse comprar o ansiado carro. Com um juro de 10%, resolvia-se o
problema.
Assim,
o sr. Grade adquiriu um carro que lhe custou 100 mil euros. Pagava de juros 10
mil por ano. Ao fim de 10 anos já tinha pago 100 mil euros de juros (2 vezes o
custo de produção do carro) mas continuava a dever os mesmos 100 mil. Mas tinha
o carro dos seus sonhos.
Por
sua vez Almeida&Filhos tinha fornecido ao sr. Grade um carro que lhe tinha
custado 50 mil euros; recebeu 100 mil euros só de juros e continuava a ter um
crédito de 100 mil euros.
2.ª
parte
Problemas
diversos na sua vida pessoal e complicações inesperadas (!!!),levaram a que o
Sr. Grade começasse a manifestar dificuldade em pagar os juros a que se havia
comprometido. Por sua vez instalou-se a barafunda no grupo Almeida&Filhos,
que começava a ter dificuldades de cobrança junto dos seus devedores, tendo
tomado decisões drásticas de controlo do crédito. Resumindo: obrigou o sr.
Grade a pagar o que devia, estabelecendo um prazo curtíssimo para o efeito. Mas
deu-lhe uma chance de o poder fazer com toda a “comodidade”:
-
apresentou ao sr. Grade a Companhia da Tralha Lda (onde Almeida&Filhos
também era sócio, com uma posição de relevo) a qual abriria uma linha de financiamento
de 100 mil euros
-
este empréstimo deveria ser liquidado no prazo de 5 anos
-
com os 100 mil euros dessa linha de financiamento o sr Grade pagava a dívida a
Almeida&Filhos
O
sr. Grade aceitou a proposta, mal tendo reparado que, para liquidar o
empréstimo em 5 anos, teria de passar a pagar 20 mil euros por ano mais os
juros, ou seja mais do dobro do que vinha pagando nos anos anteriores.
3.ª
parte
Como
a mudança de regime operada na 2.ª parte tinha tido por base as dificuldades
económicas, o sr. Grade não conseguiu resolver o problema e passou a não ter sequer
possibilidade de pagar a totalidade dos juros à Companhia da Tralha Lda. Por
isso, passados alguns anos, a sua dívida era já bastante superior aos 100 mil
euros iniciais. Apresenta então à Companhia da Tralha Lda um plano de pagamento
que começa por uma proposta de perdão parcial da dívida, mas acaba numa simples
redução dos juros e alargamento do prazo de pagamento.
A
Companhia da Tralha Lda reage muito mal à proposta do sr. Grade,
particularmente o seu sócio Almeida&Filhos, que se coloca numa posição
irredutível e exige o cumprimento estrito do contrato, pois eles
(Almeida&Filhos) não estão mais dispostos a suportar as dívidas do sr.
Grade.
Ainda
falta muito para a série chegar ao fim, pelo que se espera com expectativa pelas
cenas dos próximos capítulos. Mas quem só começou a ver a série na 3.ª parte e
não sabe o que se passou nos primeiros capítulos vai ter muita dificuldade em
perceber o enredo.