O
FUTEBOL TAMBÉM FAZ PARTE DA VIDA
O óbvio, o objetivo, o subjetivo e o estado
anímico
O campeonato
nacional de futebol está ao rubro agora que passou a haver duas equipas que
estão dependentes de si próprias para poderem conseguir o almejado título de
campeão nacional, o que não acontecia antes do início desta última jornada.
Contudo, os “analistas” podem extrair
dos resultados deste fim de semana conclusões muito díspares.
Era comummente
aceite entre os comentadores, mesmo os mais ferrenhos adeptos do F. C. Porto,
que se os portistas perdessem pontos para o Benfica o campeonato ficava já com
o destino traçado. Pois nesta jornada o F. C. Porto perdeu pontos e mesmo assim
não só não delapidou a hipótese de ser campeão como se aproximou do Benfica e
ganhou o direito de depender de si próprio, sem precisar da ajuda de terceiros.
Isto é objetivo, seja qual for o ângulo de análise.
Agora dirão uns
que o Porto ganhou um ponto ao Benfica, que pode ser precioso para a atribuição
do título. Outros dirão que desperdiçou 2 pontos que chegaram a estar ao seu
alcance e que muita falta lhe poderá fazer nas contas finais. Duas verdades que
têm muito que se lhe diga e que levam os otimistas e os pessimistas de um e
outro clube a fazer análises contraditórias.
À partida para
esta jornada quase todos previam que se iria cumprir calendário, mantendo os
dois rivais a mesma diferença pontual, ficando a faltar menos um jogo para o final
do campeonato. Mas a verdade é que o Porto conseguiu duas importantes
vantagens: ganhou o direito a dizer que passou a depender de si próprio para
poder ser campeão e ganhou um ponto que pode ser preciosíssimo e que pode levar
o campeonato a ser disputado até ao último segundo, não sendo de descartar a
hipótese de ser decidido por um qualquer golo nos minutos finais. Mas não é menos
verdade que depois do intervalo do jogo na Madeira o Benfica ganhou 2 preciosos
pontos, a eles se juntando a vantagem de poder perder o jogo da Luz com o seu
rival e mesmo assim poder festejar o título se a derrota for por menos de 3
golos de diferença. Não é coisa pouca.
Como se vê,
ambas as equipas podem gritar vitória na jornada, dependendo do ângulo de
análise e, obviamente, do que acontecer daqui em diante e da forma como as
equipas reajam a uma situação que alterou, e muito, o estado anímico de cada
uma.
Até aqui tudo é
simples e óbvio. Mas vejamos agora como é que podem então reagir animicamente
as duas equipas:
- o Porto pode
galvanizar-se por ter passado a depender de si próprio
- o Benfica pode
cair em depressão porque perdeu terreno e deixou que o adversário deixasse de depender
de terceiros
- mas também
pode acontecer o contrário: o Porto pode ter ficado atordoado por ter deixado
fugir 2 pontos e a oportunidade de poder ser campeão com um simples golo na Luz
no último minuto
Mas analisemos a
“evolução” do estado de espírito das
2 equipas num espaço de poucas horas:
- o Benfica,
logo no início do jogo em Vila do Conde, entrou em euforia e já via uma larga e
plana avenida à sua frente, com as faixas de campeão a reluzir ao fundo.
- no final do
jogo o Benfica tinha caído na fossa e não lhe saía da mente a imagem de Jesus
ajoelhado depois do golo de Kelvin há 2 anos no Dragão.
- ao intervalo
do jogo da Madeira os portistas estavam entusiasmados e já sonhavam com a
repetição de um cenário de sonho que conheceram em tempos recentes
- no final do
jogo da Madeira os portistas perguntavam a si próprios como era possível o que
estava a acontecer. E se o golo do Nacional tivesse sido no último minuto do
jogo o Lopetegui poderia ter “ajoelhado”
Mas vamos
admitir que se tinha invertido a ordem dos jogos e o primeiro tinha sido o da
Madeira e só depois o de Vila do Conde. No final do jogo da Madeira os
portistas teriam caído no inferno, e ninguém das suas hostes acreditaria que o
Porto ainda poderia recuperar o título. E a euforia dos benfiquistas não teria tido
limites, estralejando foguetes logo nos primeiros minutos do jogo de Vila do
Conde, depois do golo madrugador de Salvio. Todavia, no final do jogo Jesus voltaria
a ajoelhar e os portistas festejariam como se o título já estivesse no bolso.
Ironia e
sortilégio do futebol que, “não passando
de uns chutos dados numa bola”, tem destas coisas bonitas e profundamente
humanas de mergulhar no que há de mais sensível no âmago da alma humana.
Sem dúvida que o futebol também faz parte da vida. Mas... se nos abstrairmos da parte subjectiva da tua análise e se nos centrarmos apenas na parte objectiva chegamos à conclusão de que se joga muito mau futebol em Portugal. Quando por SMS, e na antevisão dos jogos deste fim-de-semana, te “provoquei” na brincadeira com o velho ditado: O que é NACIONAL é BOM”! Tu respondeste-me de pronto: “E eu espero que os de Vila do Conde sejam reis em sua casa e que o Nacional se enterre na Madeira”! Parece que já prevíamos algo do que viria a acontecer... Um abraço
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