O ERRO DE CAMILO
LOURENÇO E JOSÉ GOMES FERREIRA (II) - Continuação
Em
Maio deste ano publiquei aqui um artigo a que dei o título A dimensão da nossa irresponsabilidade. Aí analisei 5 hipóteses que
nos poderiam ter evitado a queda na crise se tivessem sido tomadas algumas medidas,
entre 2000 e 2008, que passo a resumir:
1.ª via – opção pelo crescimento – se o nosso
PIB tivesse crescido 2,24% acima do
valor real verificado nesses 8 anos, teríamos chegado a 2008 com a dívida a
representar exatamente 60% do PIB. Estes 2,24%
representam a dimensão da nossa incompetência.
2.ª via
– redução da despesa – se tivéssemos conseguido uma redução estrutural de
despesa da ordem dos dois mil e sessenta milhões de euros, teríamos atingido o
mesmo objetivo. Assim, 2.060 milhões
é a dimensão do nosso despesismo.
3.ª via – aumento das receitas – um aumento
da carga fiscal em 3,15%. Este valor
traduz a dimensão da nossa incapacidade de perceber que são os nossos impostos
que devem financiar as nossas despesas.
4.ª – via – solução mista - uma das muitas soluções poderia ter sido, por
exemplo, aumentar o crescimento do PIB em 0,5%,
reduzir a despesa em 800 milhões e
fazer crescer os impostos em 1,25%.
5.ª via – havia ainda
uma possível 5.ª via, mas essa já não dependia de nós – se as taxas de juros
(que no período 2000/2008 se situaram num valor médio de 4,7%) tivessem baixado
2,5%, o objetivo também seria
atingido. Mesmo assim pagaríamos uma taxa de juro de 2,2%, valor que se situa
muito acima daquilo que os mercados exigem a países como a Alemanha. Esta é a
dimensão da nossa pequenez e da nossa impotência.
Ficou
aí claramente quantificada, a dimensão da nossa (i)responsabilidade e das nossas
limitações e incapacidades.
E volta a colocar-se agora a questão: onde é que isto entronca nas análises de Camilo Lourenço e José Gomes Ferreira? É o que vamos ver no próximo post.
(continua)