MISSÃO EM ANGOLA (X)
Metodologia de trabalho
A equipa de consultores apresenta-se
na CFB antes das 8h30 da manhã e deixa a empresa ao fim da tarde, já noite
escura, depois das 19 horas.
Quem os observar à entrada na
empresa não pode deixar de fazer associação à troika quando vem a Portugal: com
portátil ao ombro, entram em grupo nas instalações, saudando as pessoas por
quem passam com um delicado mas algo distante bom dia. Seguem diretos para a sala de trabalho, uma vulgar e
despojada sala de reuniões, com uma mesa larga e um quadro. Ligam os
computadores, sentam-se em volta da mesa de reuniões e iniciam o seu trabalho.
Os primeiros dias foram passados em trabalho de recolha de dados na empresa e
tratamento e análise dentro da área de especialização de cada um, mas sem nunca
perder de vista a integração no trabalho de grupo que virá a seguir. Fruto da
sua longa experiência empresarial, cada um faz trabalho individual, que depois
é discutido e integrado no que será o relatório comum. Seguramente é uma
metodologia não muito diferente da que é seguida pela troika.
Apesar de antes não se conhecerem,
quase não é preciso falarem para cada qual saber com exatidão o que deve fazer.
Todos sabem intuitivamente o que se espera de cada um. No segundo dia de
trabalho já parecia que tínhamos trabalhado juntos toda a vida, o que é uma
coisa absolutamente extraordinária. Todos têm o sentido da missão, a
consciência de que individualmente seriam muito limitados face à multiplicidade
de matérias que é necessário dominar, mas igualmente conscientes da importância
do seu contributo para o resultado final.
Não é preciso andarmos a correr.
Não estamos sujeitos a pressões nem a fatores de stress profissional. Com
tranquilidade desenvolvemos o nosso trabalho. Dispomos da vantagem de não
termos de nos preocupar em obter dinheiro para pagar salários; não temos de nos
preocupar com eventuais quebras nas vendas, nem com subidas de custos de
matérias-primas; não temos de nos preocupar porque um equipamento avariou ou
porque um cliente reclamou. Sem as preocupações do dia a dia da gestão de uma empresa,
o nosso trabalho rende muito mais. Chegado ao fim do dia sabemos o quanto o
trabalho avançou.
A primeira condição para o êxito
de um trabalho deste género é saber o que pedir e a quem. Na empresa cliente de
serviços de consultadoria é normal encontrar resistências e/ou incapacidade
para responder cabalmente às necessidades de informação dos consultores. E o
conhecimento da situação real da empresa é o ponto de partida obrigatório e
essencial. Mal integrei a equipa (com 3 semanas de atraso em relação aos
restantes elementos) debatia-se esta com insuficiente, incongruente e algo
incompreensível informação na área de recursos humanos. Pois bastou uma tarde
para eu obter toda a informação necessária, para lhe dar o adequado tratamento
e disponibilizar à equipa os dados de que esta necessitava para a correta
análise das questões que estavam nessa altura a ser debatidas no grupo. Isto
demonstra a mais-valia que representa uma equipa experiente e pluridisciplinar.
(CONTINUA)
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