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Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014


MISSÃO EM ANGOLA (X)

Metodologia de trabalho

A equipa de consultores apresenta-se na CFB antes das 8h30 da manhã e deixa a empresa ao fim da tarde, já noite escura, depois das 19 horas.

Quem os observar à entrada na empresa não pode deixar de fazer associação à troika quando vem a Portugal: com portátil ao ombro, entram em grupo nas instalações, saudando as pessoas por quem passam com um delicado mas algo distante bom dia. Seguem diretos para a sala de trabalho, uma vulgar e despojada sala de reuniões, com uma mesa larga e um quadro. Ligam os computadores, sentam-se em volta da mesa de reuniões e iniciam o seu trabalho. Os primeiros dias foram passados em trabalho de recolha de dados na empresa e tratamento e análise dentro da área de especialização de cada um, mas sem nunca perder de vista a integração no trabalho de grupo que virá a seguir. Fruto da sua longa experiência empresarial, cada um faz trabalho individual, que depois é discutido e integrado no que será o relatório comum. Seguramente é uma metodologia não muito diferente da que é seguida pela troika.

Apesar de antes não se conhecerem, quase não é preciso falarem para cada qual saber com exatidão o que deve fazer. Todos sabem intuitivamente o que se espera de cada um. No segundo dia de trabalho já parecia que tínhamos trabalhado juntos toda a vida, o que é uma coisa absolutamente extraordinária. Todos têm o sentido da missão, a consciência de que individualmente seriam muito limitados face à multiplicidade de matérias que é necessário dominar, mas igualmente conscientes da importância do seu contributo para o resultado final.

Não é preciso andarmos a correr. Não estamos sujeitos a pressões nem a fatores de stress profissional. Com tranquilidade desenvolvemos o nosso trabalho. Dispomos da vantagem de não termos de nos preocupar em obter dinheiro para pagar salários; não temos de nos preocupar com eventuais quebras nas vendas, nem com subidas de custos de matérias-primas; não temos de nos preocupar porque um equipamento avariou ou porque um cliente reclamou. Sem as preocupações do dia a dia da gestão de uma empresa, o nosso trabalho rende muito mais. Chegado ao fim do dia sabemos o quanto o trabalho avançou.

A primeira condição para o êxito de um trabalho deste género é saber o que pedir e a quem. Na empresa cliente de serviços de consultadoria é normal encontrar resistências e/ou incapacidade para responder cabalmente às necessidades de informação dos consultores. E o conhecimento da situação real da empresa é o ponto de partida obrigatório e essencial. Mal integrei a equipa (com 3 semanas de atraso em relação aos restantes elementos) debatia-se esta com insuficiente, incongruente e algo incompreensível informação na área de recursos humanos. Pois bastou uma tarde para eu obter toda a informação necessária, para lhe dar o adequado tratamento e disponibilizar à equipa os dados de que esta necessitava para a correta análise das questões que estavam nessa altura a ser debatidas no grupo. Isto demonstra a mais-valia que representa uma equipa experiente e pluridisciplinar.

(CONTINUA)

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