A
MISTIFICAÇÃO DO SUCESSO
“Passos
Coelho liderou uma austeridade brutal, superou a birra de Portas, a demissão de
Gaspar, a manha de Relvas, o fiasco de Crato; cortou salários, pensões,
serviços na saúde – e em vez de guia de marcha tem um boletim eleitoral no
bolso.
O
que impressiona é a mistificação do sucesso estar a pegar. O programa do
governo, ditado pela troika, fracassou. Nas metas, claro, mas sobretudo como
modelo de reconstrução da economia e de abertura da sociedade. O modelo
económico passava por reformas estruturais que criassem concorrência e
descessem os custos do trabalho, para atrair investimento estrangeiro em
indústrias exportadoras; a poupança das famílias conteria a dívida pública e os
excedentes orçamentais colocariam fim ao descontrolo das contas do Estado. Mais
tarde, os impostos desceriam. A economia cresceria 3% a 4% ao ano. O Nirvana.
Nada
disso: a economia cresce pouco e, esgotada a subida das exportações, é de novo
o consumo interno a puxar pela economia. Estamos a importar automóveis alemães
outra vez como se fossemos doidos, a gastar parte do que poupamos, temos a
dívida externa no topo, a dívida pública a subir, o défice orçamental ainda
acima dos 3%. O governo não acabou com rendas excessivas: vendeu-as a
estrangeiros.
As
reformas estruturais são uma farsa: a do Estado, a da Segurança Social, até a
das leis laborais. O que se fez foi cortar custos do trabalho, desequilibrando
apoios sociais.
O
problema é e sempre foi político mais do que financeiro”
O articulista
conclui que O PS não sabe crescer
Pedro
Santos Guerreiro – Expresso de 28 de Fevereiro 2015
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