GRÉCIA
– O MAU ALUNO
“O
Syriza ficou muito longe de conseguir o que queria. Mas em vez de novas medidas
de austeridade, conseguiu mais financiamento e flexibilidade em troca da
promessa do combate à corrupção, à lavagem de dinheiro, à fraude em benefícios
sociais e à evasão fiscal. O acordo deixado pelo governo anterior de cortar
pensões e aumentar o IVA foi enterrado; o governo vai reintegrar 2100 funcionários
públicos ilicitamente despedidos; os cortes na despesa não serão em salários
nem pensões; o governo passou a dar apoio a quem não pode pagar a eletricidade
e vais oferecer cupões de refeição para famílias sem rendimentos; volta a
garantir o Serviço Nacional de Saúde que a troika retirou aos desempregados; o
aumento do salário mínimo, se bem que faseado, ficou garantido; quem esteja em
dificuldades em pagar dívidas ao Estado e à banca terá apoio especial; foram
travadas novas privatizações.
O
Syriza conseguiu um conjunto de medidas que vão no sentido inverso ao da
austeridade. E conseguiu-o no pior contexto possível: a dias de ficar sem
financiamento e com a Grécia sozinha no Eurogrupo.
Os
resultados desta negociação não se devem avaliar pela distância entre o que a
Grécia queria e o que conseguiu, mas pela distância entre o que tinha e o que
conquistou. A verdade é que arrancou muito mais da Europa que a postura do bom aluno”
Daniel
Oliveira – Expresso de 28 de Fevereiro 2015
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