Não se percebe de onde vem o “dan”. Será que o proprietário praticou judo? Não são propriamente essas as artes que pratica quem vem a este “santuário”, onde o bacalhau é rei. É que a ementa apresenta nada menos que seis formas de preparar o que em tempos era apelidado de prato dos pobres e hoje é iguaria de ricos.
Com o Mota a salivar, mandamos vir 4 doses de bacalhau à Zé do Pipo, tendo o Bernardino optado por carne, que
considerou excelente. O fiel amigo estava com a salga no ponto e o sabor a despertar cócegas no palato. Só pecava pela dimensão das doses que, de tão generosas, permitiriam poupar uma dose em 4, sem qualquer prejuízo para comensais normais. Mas comeu-se tudo, pois, como diz um amigo meu, é preferível fazer mal do que deixar para o gato.
considerou excelente. O fiel amigo estava com a salga no ponto e o sabor a despertar cócegas no palato. Só pecava pela dimensão das doses que, de tão generosas, permitiriam poupar uma dose em 4, sem qualquer prejuízo para comensais normais. Mas comeu-se tudo, pois, como diz um amigo meu, é preferível fazer mal do que deixar para o gato.
Nos aperitivos tínhamos prescindido de alheira com grelos, reduzindo a degustação às vulgares azeitonas e presunto. Nos vinhos deu-se preferência ao verde da casa, da Quinta Donegas, com o Jorge a permanecer fiel à água. Com tanta fidelidade ainda vai acabar a trabalhar para uma companhia de seguros. Nas sobremesas a opção maioritária foi para o pudim, que dizem que estava excelente, pois eu optei por uma laranja descascada, para desfazer o sabor do azeite.
A conta não ofereceu surpresas: 24 euros por cabeça, com 4 a pagar a refeição de 5.
Motoqueiros brasileiros
A conta não ofereceu surpresas: 24 euros por cabeça, com 4 a pagar a refeição de 5.
Motoqueiros brasileiros
A sala estava muito composta, praticamente cheia. Tudo “cotas” e “cacos”, sem conotações pejorativas. Dentro do contexto, um bom ambiente, com indícios de estarmos perante um universo onde se vê que o dinheiro não é problema do dia-a-dia.
Ao nosso lado “estacionou” um grupo de motoqueiros brasileiros, já entradotes, que chegaram em reluzentes motas BMW’s, alugadas na Hertz. Depois de umas generosas e variadas entradas mandaram vir comida que dava para o dobro dos comensais, apesar de aparentarem ser bons garfos. Quem sabe se não tinham acabado de chegar do Algarve ou de Lisboa, cheios de larica, e ainda sem perceberam que o Norte é particularmente generoso quando toca a encher o prato. E não só. Mas metade da dose terá ficado na travessa, pois poucos heróis haverá capazes de vencer estes persistentes costumes nortenhos.
Regresso à cidade
Regresso à cidade
Após uma retemperadora sesta nos jardins do restaurante, era altura de regressar á cidade, não sem antes o Alexandre ter ido acariciar (na face) uma risonha estátua postada no jardim, enquanto o resto do grupo se refastelava nos sofás.
A viagem de regresso começou com um imprevisto: o Jorge antecipou-se a entrar na cabine do teleférico, pelo que teve de fazer uma viagem solitária, enquanto os restantes ficaram a resolver o problema do “nosso motorista”, que perdeu o bilhete, vai-se lá saber como. Valeu-lhe a simpatia da portageira, que acreditou na história (verdadeira) que lhe foi vendida pelo Bernardino, com inegável capacidade de persuasão.
O início da viagem foi turbulento, com os primeiros metros a uma velocidade vertiginosa (em termos relativos, comparada com o resto do percurso, tranquilo e em ritmo de passeio para a terceira idade).
Voltamos ao centro da cidade com o Rogério como protagonista de um episódio recambolesco: parado e de costas voltadas a quem vinha em sentido inverso, o Rogério volta-se de repente e, inadvertidamente (só pode, mas quem sou eu para o acusar ou ilibar) lançou o braço em direção aos peitos desprotegidas de uma donzela que vinha a descer a rua. “Parecia uma mola” confessou mais tarde o Rogério. “Deve ser maluco”, disse a rapariga ao passar por nós, mas sem disfarçar um olhar sorridente, vá-se lá saber porquê.
A conselho do Jorge fomos comprar “brisas de Guimarães”, uma especialidade em doçaria, uma forma barata e inteligente de compensar as nossas mulheres do “inconveniente” (muito conveniente) de não terem vindo connosco.
Passamos junto a uma pitoresca ruela (uma de muitas) onde fica o Cantinho dos Cacos, sem vestígios de “cacos” de oitenta e muitos, que abundavam pelas ruas.
No Toural cruzamo-nos com um grupo de vimaranenses, todos homens (parece que Guimarães não tem mulheres, pelo menos na rua e de papo para o ar), todos com aspeto de quem está vestido para ir à missa, idades entre os 60 e 70 anos, em amena cavaqueira, de quem dispõe de todo o tempo do mundo.
Não há coincidências.
Não há coincidências.
Tínhamos de regressar a casa, a tempo de assistir ao Espanha-Chile.
No mesmo dia em que o rei Juan Carlos abdicou do trono, exatamente no mesmo dia a seleção espanhola abdicou do título de campeã mundial. É caso para dizer que um azar nunca vem só. Mau agoiro para a seleção portuguesa, que acabou por se portar à altura do campeão do mundo. Em 2018 há mais.
Valadares, 18 de Junho de 2014
O secretário/cronista
Alexandre Ribeiro
Ainda bem que o Pinto da Mota não lê o blogue nem vê :-) as fotografias do bacalhau à Zé do Pipo. De certeza que nos iria perguntar de imediato: quando voltamos lá? Estava tão bom o bacalhau!!!
ResponderEliminarQue pena não ter fotografado o Rogério em flagrante, no momento em que "nitidamente se aproveitou" dos "peitinhos da cabritinha" vimaranenese!!! :-)
Boa crónica, Alexandre. Mais uma para memória futura. Um abraço