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Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

O Grupo 5.com(e) em Guimarães (II)
Velhos são os cacos
A verdade é que a esta hora e nesta época os estudantes universitários, que
transformaram a noite de Guimarães numa movida a pedir meças aos grandes centros, devem estar ainda na cama, ou já regressaram às suas terras de origem após conclusão do ano escolar. E é a terceira idade, estrangeira, que dá animação à cidade. Pelo ar trata-se de gente oriunda do centro da Europa, com algum poder de compra, com preocupações culturais, procurando conhecer terras novas, em ambiente de descontração. Tratando-se de gente da classe média do centro da Europa, e tendo em conta os preços aqui praticados na hotelaria e restauração, o salário de um único dia de trabalho nos seus países de origem permite-lhes vir passar 2, 3 ou 4 dias a uma cidade como Guimarães. Ah, quem dera aos portugueses da classe média poderem fazer o mesmo em Paris, Londres ou Munique! Por aqui se vê como ainda estamos longe dessa Europa.

O Vitória
Ninguém pergunte a um vimaranense se é adepto do “Guimarães”, pois estará a confrontá-lo com um triplo insulto. Primeiro: o clube da cidade não é o “Guimarães”, é o “Vitória”, nome pronunciado com indisfarçável orgulho; segundo: é evidente que todo o vimaranense é vitoriano, isso nem se discute e aqui não há traidores, como é frequente nas grandes cidades; terceiro: ser vitoriano significa amar o clube com paixão, viver as suas atividades com enorme fervor clubístico a raiar a insanidade, que pode levar a apedrejamentos de camionetas de adeptos de clubes adversários que ousem “fazer mal” ao sei Vitória.
Ninguém duvide que o Vitória é especial. Em nenhuma outra cidade portuguesa há tal simbiose entre o clube e os seus adeptos, tal unanimidade, tal paixão e amor ao clube.

Restauração
Guimarães é uma cidade com uma muito eclética oferta gastronómica. Não havendo propriamente um prato que individualize a cidade e lhe sirva de referência, Guimarães especializou-se em fazer bem os mais conhecidos e apreciados pratos da região, dando-lhe um toque local e praticando uma gama de preços acessível a todas as bolsas.
O Rogério e o Mota vinham filados no bacalhau, num restaurante na Penha. O Jorge ainda levou o grupo ao “Histórico”, no centro histórico da cidade, um restaurante com um espaço exterior muito agradável (onde à noite costuma haver animação variada, inclusive com fados de Coimbra). Apesar da ementa convidativa e de um nível de preços que a carteira agradece, o Mota e o Rogério não embarcaram na cantiga, pois são persistentes nas suas opções e nesta matéria nunca nada os demove. 

A Penha
Não estando propriamente no programa, quando surgiu a ideia de se ir à Penha usando o teleférico houve um coro de aprovações, de onde o Mota destoou, não se sabe bem porquê. Pensamos ir comprar umas fraldas, ideia que se veio a revelar exagerada, pois o Mota acabou por se comportar muito bem.
Compramos bilhete de ida e volta, por 4,5 euros. Mas aqui se revelou que também somos um país que (às vezes) protege a terceira idade. Ser “caco” (alguns anos mais velho que um “cota”), valeu um desconto de 2,2 euros, de que beneficiaram o Mota e o Rogério.
Iniciamos a viagem na cabine 33 (ehehehe), e lá subimos o monte, de onde se desfruta uma paisagem a perder de vista, de uma beleza calma e tranquila.
Chegados ao cimo do monte sentimo-nos orgulhosos. A Penha é uma sala de visitas que nos orgulha de ser portugueses e poder proporcionar a quem nos procura esta paisagem tão diferente, num ambiente onde à beleza encantadora do local se aliam hoje interessantes opções de restauração. A informação aos turistas, lacuna grave em muitos outros locais deste país, está aqui bem colmatada por um folheto completo e elucidativo. E não escapa a possibilidade de visitar o local num trem turístico.
Para além da grandiosidade das rochas, encavalitadas umas em cima das outras por mãos gigantes, multiplicam-se os recantos, criando pequenas grutas naturais. É pena que destes locais inale um cheiro que nada tem de campestre nem floral. Provavelmente trata-se de locais discretos e eficientes para atividades ou prazeres, solitários ou não. Que o diga o Mota, que encontrou os sanitários masculinos encerrados. É pena ver esta nódoa numa sala de visitas tão linda.


(continua)






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