A CRISE SERVIU DE
POUCO
Aprenderam os supervisores alguma
coisa com a crise que rebentou em 2007 e que arrastou para a falência bancos
pelo mundo inteiro, pondo a nu as fragilidades do sistema financeiro que
sustenta o ocidente e o capitalismo? Aparentemente menos o que deviam. Ao radar
da supervisão continuam a escapar esquemas usados pela banca para contornar
problemas e dificuldades financeiras. A história recente mostra que, em matéria
de sofisticação, os banqueiros estão sempre um passo à frente dos reguladores.
E para os supervisores continua a ser difícil, ou mesmo impossível, detetar
veículos fictícios e manipulação de contas sem que existam denúncias.
Ana
Bela Campos – Revista do Expresso
UMA NOVA LINHGEM DE
BANQUEIROS
Passado
o susto (depois do devastador tsunami (financeiro) que assolou o mundo a partir
de 2008, os banqueiros mudaram de acusados para acusadores e passaram a
criticar o despesismo público (que cresceu exponencialmente para salvar o setor
financeiro e outras empresas) os gastos sociais e a produtividade dos
trabalhadores.
Em
Nova Iorque corre um processo contra o Barclays por operações suspeitas.O BPN Paribas foi multado em 8,9 mil milhões de dólares (quase o dobro do capital do Novo Banco) por violar sanções internacionais.
Em Espanha a Gowex, uma empresa estrela da bolsa de Madrid, falsificava as contas há quatro anos. E os auditores, as agências de rating e os supervisores não deram por nada
Nicolau
Santos – Exame de Agosto 2014
BANCO DE PORTUGAL E MINISTÉRIO PÚBLICO
O Banco de Portugal, agora tão elogiado, ainda há
um ano e meio fazia comunicados a colocar o dr. Salgado acima de qualquer
suspeita quando ele corrigiu, por três vezes a sua declaração fiscal por causa
do tal presente de 14 milhões de euros que recebeu do construtor José
Guilherme.
Sobre o BES o governador já disse tudo e o seu
contrário: que estava muito bem capitalizado; que os clientes podiam estar
tranquilos; que os problemas do grupo não contagiariam o banco. Depois Carlos
Costa passou a admitir a eventual necessidade de o banco proceder a um novo
aumento de capital, de anunciar até que havia investidores privados
interessados, depois a conceder que uma parte da exposição do BES ao GES vai
ter perdas, mas a acrescentar que os depósitos estão garantidos, para depois
aceitar existirem algumas incertezas no caso da exposição a Angola (5,7 mil
milhões de euros).Por sua vez o Ministério Público fez um comunicado na altura em que o ex-presidente do BES foi ouvido no âmbito do processo Monte Branco a esclarecer que “face aos factos até agora apurados nos presentes autos não existem fundamentos para que o agora requerente Ricardo Salgado seja considerado suspeito”. (Agora foi o que se viu)
Nicolau Santos - Expresso Economia
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