INCONTORNÁVEL
BES
As notícias sobre o BES chovem em catadupa. Um dia
destes, em que esteja mais pachorrento, farei uma síntese.
Hoje vou limitar-me a colocar algumas questões “ingénuas”.
1 – se o BES tinha uma “almofada” de 2,1 mil
milhões de euros, onde está agora essa almofada? E serve para quê?
2 – se eu fosse um investidor com dinheiro quereria
já investir fortemente num banco que nasce limpinho, que tem ativos sólidos,
hnow how inquestionável, quota de mercado. Aparentemente não há razões para que
os atuais donos não consigam agora dispersar o capital e, quiçá, conseguir mesmo
mais-valias interessantes.
3– o Fundo de Resolução é o dono do Novo Banco.
Como não tem capitais próprios suficientes vai socorrer-se do Estado Português
e dos dinheiros da Troika, pagando uma taxa de juros que se diz estar entre os 8%
e os 10%. Se eu pertencesse a esta “união
de bancos” quereria pagar o mais rapidamente possível ao estado português. Com
o atual nível das taxas de juros não será difícil obter no mercado os
necessários capitais a um “preço” muito mais em conta que o valor que terá de
ser pago ao estado.
4 – alguém já comparou a atuação de Ricardo
Salgado, após o 10 de Julho, a uma raposa num galinheiro. O seu instinto
predador levaria a raposa a matar todas as galinhas que pudesse. Mas não
deveria ser esse o “instinto de banqueiro”. Ainda se percebe (embora,
obviamente, não se aceite) que nos últimos anos Ricardo Salgado tentasse esconder
os buracos, tentasse empurrar os problemas com a barriga, varresse o lixo para debaixo
do tapete, criasse um esquema tipo D. Branca para cobrir as necessidades de
financiamento do grupo. Mas que é que o terá levado, após o 10 de Julho, após
uma conversa com o governador do Banco de Portugal, a tomar um comportamento perfeitamente
homicida e simultaneamente suicida, a furar as mais elementares regras de
ética, a destruir definitivamente a imagem pessoal e da família? Despeito,
vingança, descontrolo, cupidez? Talvez um dia se venha a saber e a perceber.
Este comportamento nada tem a ver com a tradicional
imagem do banqueiro, presente ainda no imaginário coletivo. Ou será que esta é
a verdadeira essência dos banqueiros atuais? Será que isto tem alguma coisa a
ver com a crise de 2008?
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