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Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014


INCONTORNÁVEL BES

As notícias sobre o BES chovem em catadupa. Um dia destes, em que esteja mais pachorrento, farei uma síntese.

Hoje vou limitar-me a  colocar algumas questões “ingénuas”.

1 – se o BES tinha uma “almofada” de 2,1 mil milhões de euros, onde está agora essa almofada? E serve para quê?

2 – se eu fosse um investidor com dinheiro quereria já investir fortemente num banco que nasce limpinho, que tem ativos sólidos, hnow how inquestionável, quota de mercado. Aparentemente não há razões para que os atuais donos não consigam agora dispersar o capital e, quiçá, conseguir mesmo mais-valias interessantes.

3– o Fundo de Resolução é o dono do Novo Banco. Como não tem capitais próprios suficientes vai socorrer-se do Estado Português e dos dinheiros da Troika, pagando uma taxa de juros que se diz estar entre os 8% e os 10%.  Se eu pertencesse a esta “união de bancos” quereria pagar o mais rapidamente possível ao estado português. Com o atual nível das taxas de juros não será difícil obter no mercado os necessários capitais a um “preço” muito mais em conta que o valor que terá de ser pago ao estado.

4 – alguém já comparou a atuação de Ricardo Salgado, após o 10 de Julho, a uma raposa num galinheiro. O seu instinto predador levaria a raposa a matar todas as galinhas que pudesse. Mas não deveria ser esse o “instinto de banqueiro”. Ainda se percebe (embora, obviamente, não se aceite) que nos últimos anos Ricardo Salgado tentasse esconder os buracos, tentasse empurrar os problemas com a barriga, varresse o lixo para debaixo do tapete, criasse um esquema tipo D. Branca para cobrir as necessidades de financiamento do grupo. Mas que é que o terá levado, após o 10 de Julho, após uma conversa com o governador do Banco de Portugal, a tomar um comportamento perfeitamente homicida e simultaneamente suicida, a furar as mais elementares regras de ética, a destruir definitivamente a imagem pessoal e da família? Despeito, vingança, descontrolo, cupidez? Talvez um dia se venha a saber e a perceber.

Este comportamento nada tem a ver com a tradicional imagem do banqueiro, presente ainda no imaginário coletivo. Ou será que esta é a verdadeira essência dos banqueiros atuais? Será que isto tem alguma coisa a ver com a crise de 2008?

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