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Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014


QUEM FOI QUE DISSE?

O PAPEL DO BCE

Há dois anos Mário Draghi anunciava que o BCE faria o que fosse preciso para resolver a crise das dívidas soberanas.

A 6 de Setembro anunciou um sistema de seguro financeiro criado pelo BCE que se comprometia a apoiar, sem limites, a liquidez dos estados nos mercados da dívida em tempo de crise.

Hoje os governos da Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália conseguem colocar dívida a taxas que estão ao nível das praticadas antes da crise das dívidas soberanas.

E o mais surpreendente é que a descida das taxas de juros foi conseguida sem que o BCE tivesse de comprar um só euro de obrigações de qualquer dos Estados. Tudo o que precisou de fazer foi prometer que o faria no futuro para contrariar novos episódios de pânico.  Os mercados sossegaram e o pânico desapareceu.

Tem havido muita dor autoinfligida na zona euro, que poderia ter sido evitada se os responsáveis políticos europeus tivessem mantido a calma.

Os programas de austeridade não só levaram a muita destruição da economia, como provocaram sofrimento a milhões de pessoas. Não conseguiram, entretanto, o seu objetivo principal, que era aumentar a capacidade dos governos para servirem a dívida. Aconteceu precisamente o contrário. No início da crise Portugal tinha uma dívida pública correspondente a 90% do PIB. Hoje esse ratio aumentou para 130%. Desta forma o governo tem agora mais dificuldade em honrar a dívida.

Vai demorar anos, se não décadas para reduzir a dívida para níveis sustentáveis. Mas os mercados financeiros não querem saber. Estão de novo eufóricos. Basta um pequeno rastilho para transformar esta euforia numa nova erupção de medo e pânico.

Paul De Grauwe – professor da Universidade de Lovaina – Expresso Economia.

UMA PIPA DE MASSA

O acordo entre a Portugal e a UE que regula e define a estratégia de utilização dos fundos estruturais foi assinado. O cerimonial ficou marcado pelo sound bite do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, ao dizer que estava em causa “uma pipa de massa”. Este é um termo que, no entendimento popular, está ligado a uma chuva de milhões, normalmente obtidos por sorte, sem esforço e sem mérito. Esta ideia foi acompanhada pela recomendação paternalista de que “este dinheiro deve ser bem aplicado” como para prevenir a tentação de ser levianamente estoirado.

Manuel Ferreira Leite – Expresso Economia

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