QUEM
FOI QUE DISSE?
O PAPEL DO BCE
Há dois anos Mário Draghi anunciava que o BCE faria
o que fosse preciso para resolver a crise das dívidas soberanas.
A 6 de Setembro anunciou um sistema de seguro
financeiro criado pelo BCE que se comprometia a apoiar, sem limites, a liquidez
dos estados nos mercados da dívida em tempo de crise.
Hoje os governos da Grécia, Irlanda, Portugal,
Espanha e Itália conseguem colocar dívida a taxas que estão ao nível das
praticadas antes da crise das dívidas soberanas.
E o mais surpreendente é que a descida das taxas de
juros foi conseguida sem que o BCE tivesse de comprar um só euro de obrigações
de qualquer dos Estados. Tudo o que precisou de fazer foi prometer que o faria
no futuro para contrariar novos episódios de pânico. Os mercados sossegaram e o pânico
desapareceu.
Tem havido muita dor autoinfligida na zona euro,
que poderia ter sido evitada se os responsáveis políticos europeus tivessem
mantido a calma.
Os programas de austeridade não só levaram a muita
destruição da economia, como provocaram sofrimento a milhões de pessoas. Não
conseguiram, entretanto, o seu objetivo principal, que era aumentar a
capacidade dos governos para servirem a dívida. Aconteceu precisamente o
contrário. No início da crise Portugal tinha uma dívida pública correspondente
a 90% do PIB. Hoje esse ratio aumentou para 130%. Desta forma o governo tem
agora mais dificuldade em honrar a dívida.
Vai demorar anos, se não décadas para reduzir a
dívida para níveis sustentáveis. Mas os mercados financeiros não querem saber. Estão
de novo eufóricos. Basta um pequeno rastilho para transformar esta euforia numa
nova erupção de medo e pânico.
Paul De Grauwe – professor da Universidade de
Lovaina – Expresso Economia.
UMA PIPA DE MASSA
O acordo entre a Portugal e a UE que regula e
define a estratégia de utilização dos fundos estruturais foi assinado. O
cerimonial ficou marcado pelo sound bite do presidente da Comissão Europeia,
Durão Barroso, ao dizer que estava em causa “uma pipa de massa”. Este é um
termo que, no entendimento popular, está ligado a uma chuva de milhões,
normalmente obtidos por sorte, sem esforço e sem mérito. Esta ideia foi
acompanhada pela recomendação paternalista de que “este dinheiro deve ser bem
aplicado” como para prevenir a tentação de ser levianamente estoirado.
Manuel Ferreira Leite – Expresso Economia
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