COLIGAÇÕES
Participar
em governos é uma decorrência da atividade partidária.
Passados
40 anos já seria tempo de vencer o trauma. De derrubar um muro que ignora que
não há protesto consequente sem alternativa e não há alternativa sem soluções
de poder. Perante os efeitos concretos desta crise as pessoas já se contentam
com a promessa de resistência.
O
que interessa às pessoas não é se o PS tem parceiro. É o que muda nas suas
vidas. Quem se apresenta como alternativa ao voto do PS, com a real disposição
de participar num governo de esquerda, tem de se distinguir do PS. Começando
por uma agenda programática muito mais clara. Que, na salvaguarda do Serviço
Nacional de Saúde, da escola pública e na Segurança Social, ultrapasse o mero
discurso defensivo.
Todas
as escolhas dependem de uma: a forma como lidar com os constrangimentos
externos, a começar pela dívida e pelas metas do tratado orçamental. Na prática
trata-se de saber com que dinheiro vai a esquerda cumprir a promessa de travar
a austeridade e defender o estado social.
Quem
se conseguir distinguir do discurso difuso e da prática temerosa do PS sobre
isto tem condições para se sair bem. Mas não pode marcar tantas e tão radicais
linhas vermelhas que as pessoas sintam que só se quer, mais uma vez, provar que
o PS não é de esquerda.
É
um caminho muito estreito. Mas para quem se contenta em picar o ponto na
resistência sem alternativa, nem acha que isso se resolve com salvadores da
pátria cheios de carisma, é este o caminho que sobra.
Daniel Oliveira – Expresso de 11
de outubro
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