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Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Os G5.com(e) na Ribeira do Porto


10 de setembro de 2014
Quase 3 meses depois do último almoço (ó malta temos de trabalhar a outro ritmo, assim não pode ser. Qualquer dia o patrão despede-nos!) o Grupo 5.com(e) desceu à Ribeira do Porto para festejar a entrada na reforma do único elemento do grupo que, apesar de inativo, ainda estava no ativo, e estava a estragar a estatística: o Alexandre.
Ufa!!! Finalmente! - disse ele, que há tanto tempo ansiava por este dia.

O português é uma língua traiçoeira
O tempo estava algo incerto, mas agradável para passear. O ponto de encontro foi na estação de S. Bento, mas à hora combinada o Jorge estava à espera dos colegas… na estação de Valadares. E assim se prova, mais uma vez, a extrema dificuldade em pôr duas pessoas em sintonia, mesmo quando o tema é inócuo e a mensagem é aparentemente transmitida na perfeição, não deixando dúvidas ao transmissor nem ao receptor. Imaginem só as confusões que se poderiam gerar se houvesse uma conjugação de circunstâncias que originassem um imbróglio.

A caminho da Ribeira
O caminho de S. Bento à Ribeira, quer pela Mouzinho da Silveira quer pela rua das Flores apresenta um intenso movimento que contrasta vivamente com o fluxo de pessoas nessas ruas há uma dezena de anos atrás.
O casario degradado deu lugar a uma elevada percentagem de edifícios excelentemente recuperados.
O comércio mudou de ramo, centrando-se agora particularmente na restauração. Os portuenses que por aí vadiavam deram lugar a uma indescritível mistura de raças e de línguas, onde um poliglota não chega para as encomendas e um etnógrafo fica todo baralhado.
O que isto mudou em meia dúzia e anos!!!

A Ribeira do Porto
A velha Ribeira é a grande sala de visitas do Porto. A cada passo tropeçamos em espanhóis, italianos, franceses e ingleses. Depois há aqueles que arranham uns sons guturais que ninguém entende. E há aqueles de olhos em bico, elas com sombrinhas de um euro, de usa e deita fora, certamente produzidos por garotos de 8 ou 10 anos, que trabalham 15 horas por dia por uma malga de arroz, naquelas oficinas indescritíveis que mais parece estarmos no meio de aterro sanitário com cobertura a telhas de fibrocimento.
A Ribeira fervilha de vida e o Douro é uma passerelle de pequenos barcos a fazer o cruzeiro das 6 pontes, por 10 euros. 
Do outro lado do rio destaca-se o cais de Gaia, a pedir meças à Ribeira do Porto em beleza e movimento, com o Yeatman sobranceiro no cimo da colina, de onde se observa um Porto singular a partir de um posto de vigia privilegiadíssimo.

Ter amigos e usufruir das vantagens de passar à reforma
Num dos muitos bares/restaurantes para turista regalar a vista e apreciar a nossa gastronomia, tomamos uma bebida. O grupo
aproveitou para oferecer ao Alexandre um livro sobre economia, para ele aprender mais alguma coisa dessa arte esotérica, para muitos uma adivinhação de quem pouco sabe, pois estão sempre a falhar os prognósticos. A prenda foi complementada com um CD da Ana Moura – “Leva-me ao fado”, um bestseller da canção nacional. Surpresa para o homenageado, que não esperava nada daquilo.

E vamos ao que aqui nos trouxe
Estava na hora da papa e o objetivo seguinte foi arranjar o melhor poiso. Escolha deveras difícil, tal a variedade da oferta. Mas a maior parte dos lugares de varanda virada para o rio eram mesas para duas pessoas
e o cardápio era próprio para turista provar e pagar.
Acabamos por fazer uma escolha nem carne nem peixe; nem tasca nem muito requinte; nem caro nem barato. O preço por pessoa ficou abaixo dos 20 euros, mas sem sobremesas e com a opção por cerveja em vez do vinho. O serviço foi muito demorado, pois em lugar de optarmos pelo prato do dia escolhemos pratos complicados: filetes de bacalhau e polvo à lagareiro.
Durante o repasto tivemos direito a 2 concertos a solo por verdadeiros artistas, estrangeiros, com aparência de romenos.

Igreja de S. Francisco
Findo o repasto, e antes de regressarmos a casa, fomos tentados a uma visita à igreja de S. Francisco. Deparamos com 2 seguranças, que nos queriam esfolar 3 euros e meio a cada um para dar uma mirada à igreja, às catacumbas e ao museu. Optamos por seguir o exemplo de uma turista brasileira, que deu meia volta e terá ido gastar os euros noutras paragens. Ou noutras viagens, pois mesmo aqui passam imensos autocarros turísticos, daqueles descobertos que dão a volta à cidade e que ainda há dois ou 3 anos só conhecíamos das visitas a cidades estrangeiras.
O que o Porto mudou em meia dúzia e anos! E não passamos da Ribeira.
Valadares, 10 de Setembro de 2014

3 comentários:

  1. Boa descrição de um dia bem passado entre amigos.
    Continuem a aproveitar essa amizade e sempre que puderem façam uma escapadela que é o que se leva desta vida.

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    1. É bem verdade, amigo. É o que se leva desta vida. Um abraço.

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  2. Bela descrição deste encontro de amigos reformados do trabalho mas... não da vida e das coisas boas que ela também nos proporciona :-) Bem vindo ao "clube", amigo Alexandre. Um abraço

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