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Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

sábado, 22 de novembro de 2014


MISSÃO EM ANGOLA (VI)

Caminhos de Ferro de Benguela (CFB)

Os caminhos de ferro de Benguela são uma das 3 grandes companhias que operam em Angola na área das ligações ferroviárias. As outras são a linha de Luanda a Malange (424 kms) e a linha de Moçamedes, do Namibe a Menongue, na distância de 501 kms. A linha de Benguela, com 1.360 kms, é significativamente mais extensa que as outras juntas.

 A linha é uma construção do início do século passado, inaugurada em 1905, e nela chegaram a trabalhar 14 mil pessoas. Nos seus tempos áureos era muito prestigiada como companhia de caminho de ferro e permitia a penetração para o interior e o escoamento de matérias-primas oriundas do Congo e Zâmbia. Passa por Huambo (antiga Nova Lisboa), Kuito (Silva Porto) e Luena (Luso), atravessando a região dos diamantes. A linha teve limitadíssima utilização no período da guerra civil (Huambo era a zona de maior influência da Unita) devido à falta de segurança. Só em 1994 morreram 300 pessoas num despenhamento provocado por sabotagem da via.

Em 2011 a Companhia de Caminhos e Ferro de Benguela (CFB) retomou alguma normalidade no seu funcionamento, após uma total reabilitação em todo o traçado da linha, trabalho efetuado por um consórcio chinês. Dispõe agora de uma moderníssima e atrativa estação no Lobito, ponto de partida da linha. O seu percurso divide-se em dois troços distintos: um traçado, que chamaríamos urbano, que liga duas cidades costeiras – Lobito e Benguela – numa distância de 35 kms; um segundo traçado que vai de Benguela a Luena, atravessando o país, numa extensão de quase 1.300 kms, dos quais está já em funcionamento o troço Huambo-Luena.

No primeiro troço circulam 4 comboios por dia, que demoram quase hora e meia a fazer o trajeto de 35 kms, dadas as frequentes paragens, o perfil de comboio tranvia e o tipo de utilização que lhe é dada pelos utentes – até serve para transportar animais de grande porte. No segundo troço circula apenas um comboio por dia e o transporte de mercadorias é o mais relevante.

A empresa tem atualmente cerca de 1.500 trabalhadores e deverá, num curto prazo, fazer crescer os seus efetivos em 50% para permitir a ampliação prevista no número de composições que se pretende pôr a circular.

(CONTINUA)

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