PRODUTIVIDADE E SALÁRIO
Será mais ou menos
consensual que os níveis salariais deveriam andar particularmente ajustados com
os níveis da produtividade. Independentemente das fórmulas de cálculo, é
evidente que não faz sentido (nem é possível) pagar salários altos quando as
produtividades são baixas. Mas, da mesma forma, não faz sentido nem é justo haver
grandes diferenças salariais quando as produtividades são equivalentes.
E se este princípio é
válido para as empresas também o deveria ser para os países. Só que aí o
equilíbrio de forças é mais desproporcionado, acabando por produzir resultados
mais desequilibrados que quando é um mercado aberto a servir de pêndulo.
CHARADA II
Dois colegas de
escola, o Alberto e o Pedro, alunos com médias equivalentes e capacidades
semelhantes, foram trabalhar para duas empresas geridas de forma completamente diferente,
apesar de produzirem bens concorrenciais no mercado. O Alberto foi ganhar 100 e
o Pedro ficou a ganhar 70.
O Alberto, poupadinho,
passou a gastar 90. Como poupava 10, ao fim de algum tempo tinha acumulado um
bom pecúlio.
O Pedro, com a
expectativa de vir a subir para um patamar equiparado ao Alberto, ganhava 70,
mas ia gastando 80. Ao fim de algum tempo tinha consumido as suas economias e acumulava
já uma dívida “impagável”.
É absolutamente fora
de questão que o Pedro não podia gastar 80 quando só ganhava 70. Mas isso não
invalida que se possam colocar algumas questões em torno do tema, para uma
reflexão sobre o que se passa “atrás do espelho” onde vemos refletida a nossa
imagem:
Pergunta 1 – Qual dos
dois é o mais produtivo e o mais trabalhador?
Pergunta 2 – Qual dos
dois é o mais poupado e qual é o mais gastador?
Pergunta 3 – Qual dos
dois está a ganhar acima do que merece ou abaixo do que é justo?
Perguntas para as
quais não se espera resposta:
- como é que se vai resolver o problema?
- qual é a responsabilidade das entidades
patronais?
- e qual é a capacidade do mercado para
resolver um problema destes?
Sem responder directamente às questões que aqui deixas (julgo que são retóricas e pretendem estimular a discussão) vou deixar aqui, se o permitires, 2 pequenas citações (premonitórias) da grande Natália Correia, que de certa maneira ajudam a perceber melhor tudo isto.
ResponderEliminar"Mais de oitenta por cento do que fazemos não serve para nada. E ainda querem que trabalhemos mais. Para quê? Além disso, a produtividade hoje não depende já do esforço humano, mas da sofisticação tecnológica".
"A nossa entrada (na CEE) vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária com ninguém, explorar-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca deixou de ser. A sua vocação é ser colonialista".