Texto

Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

sexta-feira, 11 de abril de 2014


PRODUTIVIDADE E SALÁRIO

Será mais ou menos consensual que os níveis salariais deveriam andar particularmente ajustados com os níveis da produtividade. Independentemente das fórmulas de cálculo, é evidente que não faz sentido (nem é possível) pagar salários altos quando as produtividades são baixas. Mas, da mesma forma, não faz sentido nem é justo haver grandes diferenças salariais quando as produtividades são equivalentes.

E se este princípio é válido para as empresas também o deveria ser para os países. Só que aí o equilíbrio de forças é mais desproporcionado, acabando por produzir resultados mais desequilibrados que quando é um mercado aberto a servir de pêndulo.

 

CHARADA II

Dois colegas de escola, o Alberto e o Pedro, alunos com médias equivalentes e capacidades semelhantes, foram trabalhar para duas empresas geridas de forma completamente diferente, apesar de produzirem bens concorrenciais no mercado. O Alberto foi ganhar 100 e o Pedro ficou a ganhar 70.

O Alberto, poupadinho, passou a gastar 90. Como poupava 10, ao fim de algum tempo tinha acumulado um bom pecúlio.

O Pedro, com a expectativa de vir a subir para um patamar equiparado ao Alberto, ganhava 70, mas ia gastando 80. Ao fim de algum tempo tinha consumido as suas economias e acumulava já uma dívida “impagável”.

É absolutamente fora de questão que o Pedro não podia gastar 80 quando só ganhava 70. Mas isso não invalida que se possam colocar algumas questões em torno do tema, para uma reflexão sobre o que se passa “atrás do espelho” onde vemos refletida a nossa imagem:

Pergunta 1 – Qual dos dois é o mais produtivo e o mais trabalhador?

Pergunta 2 – Qual dos dois é o mais poupado e qual é o mais gastador?

Pergunta 3 – Qual dos dois está a ganhar acima do que merece ou abaixo do que é justo?

Perguntas para as quais não se espera resposta:

 - como é que se vai resolver o problema?

 - qual é a responsabilidade das entidades patronais?

 - e qual é a capacidade do mercado para resolver um problema destes?

1 comentário:

  1. Sem responder directamente às questões que aqui deixas (julgo que são retóricas e pretendem estimular a discussão) vou deixar aqui, se o permitires, 2 pequenas citações (premonitórias) da grande Natália Correia, que de certa maneira ajudam a perceber melhor tudo isto.

    "Mais de oitenta por cento do que fazemos não serve para nada. E ainda querem que trabalhemos mais. Para quê? Além disso, a produtividade hoje não depende já do esforço humano, mas da sofisticação tecnológica".

    "A nossa entrada (na CEE) vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária com ninguém, explorar-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca deixou de ser. A sua vocação é ser colonialista".

    ResponderEliminar