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Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

quarta-feira, 11 de junho de 2014


O futuro das nossas pensões (V)

O impacto da demografia e do aumento da esperança de vida

O impacto da demografia no cálculo das pensões é intuitivo e não justifica muitas explicações. Como o nosso esquema é tipo D. Branca – são os novos contribuintes que proporcionam receitas para o pagamento das pensões aos atuais reformados – se diminuem os novos aderentes logicamente reduzem-se as receitas, de forma proporcional. Assim, se antes eram necessários 3 contribuintes para pagar a pensão a um reformado, se passa a haver apenas dois contribuintes obviamente a receita reduz-se em um terço. Em bom rigor a reforma teria de reduzir-se no mesmo montante. Só não é assim porquanto a segurança social dispõe (dispunha) de algumas reservas, o orçamento do estado tem dado o seu contributo para o equilíbrio do sistema e o crescimento do número de reformados também não é linear. Mas o princípio é claro e a matemática não deixa dúvidas.

Já quanto ao aumento da esperança de vida o caso merece um pouco mais de atenção e vou procurar apontar aquela que seria a solução matematicamente correta. Vamos ver um exemplo, partindo de uma situação comum há uns anos atrás. Admitamos então que:

- um trabalhador inicia a sua vida contributiva aos 25 anos

- reforma-se aos 65

- vive até aos 80, recebendo a sua pensão

Na altura em que a esperança de vida suba para 85 anos, para se manter o equilíbrio do sistema (sem apoios externos) há as seguintes hipóteses:

1 – a pensão terá de reduzir-se em 25%

2 – para não afetar a pensão a idade de reforma terá de subir dos 65 anos para os 68 anos e meio.

3 – solução mista – por exemplo, baixar a pensão 5% e aumentar a idade de reforma para  68 anos

E quando a esperança de vida passar de 85 para 90 anos, se quisermos resolver o problema mexendo apenas na idade de reforma teremos de a passar para 72 anos. Ou seja, se a esperança de vida aumentar 10 anos deveríamos subir a idade de reforma 7 anos (não apenas em teoria, mas também na prática). Caso contrário é necessário mexer drasticamente no valor das pensões.

(continua)

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