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Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

A dimensão da nossa (i)responsabilidade - I


Publiquei há dias um longo post sob este título. Reconheço que o mesmo deveria ter sido fracionado, mas também admito que haja quem prefira ler tudo de uma vez. Por isso vou manter a publicação original e iniciar hoje o fracionamento.


Quando chegamos a 2008 e irrompeu nos Estados Unidos a chamada “crise”, que rapidamente se propagou aos mais frágeis países da Comunidade Europeia, Portugal foi pública e explicitamente humilhado pelos seus parceiros e pelas instituições internacionais. Fomos rotulados de lixo, incumpridores, despesistas, madraços, incapazes de nos governar, avessos a pagar impostos. Os nórdicos e os germânicos consideraram, à boa maneira luterana, que cometemos “pecados”, somos “culpados” e teremos de “expiar” os nossos erros. Internamente fomos também assaltados por sentimentos de culpa, com acusações à esquerda e à direita, com laivos de verdadeiro masoquismo.
Fizemos asneiras, não nos soubemos governar, vamos ter de pagar por isso.
Agora parece, finalmente, que há verdadeira consciência de que algo terá mesmo de mudar (já deveria ter mudado há muito). Mas, assente alguma poeira, é altura de saber onde erramos e calcular a dimensão dos nossos erros. Só assim poderemos verdadeiramente arrepiar caminho e iniciar o processo de cura.
Todos temos consciência que não se pode gastar mais do que o que se ganha. Quem ganha 100 e gasta 101 fatalmente terá problemas, mesmo que tenha algumas reservas no colchão. Mas já poucos terão ideia da dimensão do esforço que é preciso fazer para resolver os nossos problemas. Vamos procurar dar expressão numérica a essas dúvidas.
(continua)

2 comentários:

  1. Dizes, e bem, que: “Agora parece, finalmente, que há verdadeira consciência de que algo terá mesmo de mudar (já deveria ter mudado há muito)”. Estou totalmente de acordo contigo nesta tua sublime frase mas… enquanto os nossos políticos não mudarem de paradigma acho que não vamos conseguir sair deste ciclo vicioso que é: contentar (em período eleitoral) aquela faixa da população que é determinante para se ganharem as eleições para, logo que se ganham, inverter essa tendência, diminuindo os salários e as pensões e aumentar impostos. É isto que tem que mudar. Temos realmente de mudar de mentalidade e não nos deixarmos iludir com promessas eleitoralistas e “castigar” os políticos mentirosos e incompetentes que temos tido ao longo de décadas. Um abraço.

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  2. Não posso estar mais de acordo contigo. A questão que se segue é que nem sempre conseguimos discernir com clareza quem está a mentir ou quem mente mais. E também se mente de alguma maneira quando se quer ou se julga que se vai mudar alguma coisa e depois se constata que não se consegue vencer o status quo

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