POR ONDE PASSAM AS SOLUÇÕES PARA PORTUGAL? (Continuação)
II – O período pós troika (após 2014)
Ao
contrário do que se possa pensar, o período pós-troika vai ser completamente
diferente do anterior no que respeita à “receita” a aplicar. Vamos ter
necessariamente de aplicar um “cocktail” exatamente com os ingredientes anteriores,
mas variando completamente as doses de cada um. Numa determinada perspetiva
será “mais do mesmo”, mas noutra perspetiva é uma solução completamente
diferente.
Como
em qualquer tratamento médico, a medicação terá de ter em conta a reação do
organismo aos tratamentos anteriores. E desde logo há a destacar um aspeto
fundamental: os “ingredientes” 3 e 4 – crescimento do PIB e redução dos custos
de financiamento – passaram de desejáveis
a absolutamente indispensáveis, ou
seja, passaram a ser fatores críticos. O crescimento (negativo) do PIB, que
antes não passava de um “efeito colateral”, passa a ser a chave do êxito. E o
custo e as condições do financiamento, que escapavam ao nosso controlo, têm de
passar a ser variáveis razoavelmente controladas (por nós e/ou pela Europa),
sob pena de total fracasso, ou sujeição a movimentos erráticos, ao sabor dos
“humores” do mercado. Aqui o papel da Europa será absolutamente crucial.
Já
os “ingredientes” 1 e 2 – redução de despesas e aumento de receitas – continuam
a ser indispensáveis no cocktail de fármacos a utilizar, mas com efeito
“terapêutico” já muito reduzido. As doses cavalares aplicadas no período da
troika tornam os seus efeitos pouco eficazes e o nosso organismo já só aceita
doses muito reduzidas, sob pena de o nosso sistema imunológico colapsar e
morrermos da cura. O “ai aguenta, aguenta” tem limites. E ai de quem não o
perceber e não souber dimensionar.
Estamos,
assim, confinados a um equilíbrio instável num caminho estreito, onde o aumento
do PIB é praticamente o único fator capaz de nos tirar deste buraco. Mas só a
redução dos custos do financiamento nos permite obter condições para aumentar o
PIB, dada a premência dos investimentos a fazer para o podermos aumentar.
Estamos,
assim, como a pescadinha de rabo na boca, havendo condicionantes que escapam
completamente ao nosso controlo, pois a
solução acaba sempre por passar por melhores condições de financiamento, o que
por sua vez é condição absolutamente necessária para aumentarmos o PIB. Ou
seja, chegamos a um ponto em que, mesmo que da nossa parte façamos tudo bem
feito, nada nos garante que venhamos a ter êxito. Atenção, isto não quer dizer,
de maneira nenhuma, que estejamos condenados. Aliás, continuo moderadamente
confiante. Isto significa apenas que não temos o nosso destino na nossa mão. E
quem disser o contrário ou é ignorante ou mente. Ou então aceita a continuação
do nosso processo de empobrecimento.
Importa,
por isso, dedicar um post a analisar as condições de financiamento.
(continua)
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