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Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A dimensão da nossa (i)responsabilidade - (Continuação - II)
                 - Principais causas dos nossos problemas -
Comecemos pelo princípio, pelo arrolamento das principais causas dos nossos problemas. Vamos enunciar algumas:

a) a nossa incapacidade para reformar o nosso aparelho produtivo e fazer crescer a economia na dimensão necessária.
b) o excesso de gastos (vulgo despesismo), principalmente associados à dimensão do estado tentacular que temos e que urge reformar.
c) a insuficiência dos nossos impostos para suportar o nível das despesas a que nos habituamos.
d) as incapacidades, erros e vícios dos nossos governantes e classes dirigentes, incapazes de reformar o estado e conduzir o país no caminho do equilíbrio e progresso sustentado.
e) a agiotagem dos mercados financeiros, ávidos de lucros e implacáveis no ataque às suas vítimas.
f) os erros da União Europeia, iniciados com a criação do euro, potenciados pela dificuldade em fazer a correta leitura da crise e com a exuberante manifestação de falta de solidariedade entre estados-membros (os piores efeitos sentir-se-ão mais tarde, quando alguns estados vierem a provar o veneno que agora destilaram).
g) os erros da troika e a aplicação desajustada de terapias, algumas das quais  experimentais e que nos usaram como cobaias.
Perante esta vasta panóplia de causas coloca-se a questão: qual é o contributo de cada uma para a situação a que chegamos? Poderemos quantificar e definir responsabilidades?
A resposta a estas perguntas é ambígua: em alguns casos é quase impossível, mas no que respeita a algumas destas causas é perfeitamente possível quantificar, com muita aproximação e rigor, o peso e a dimensão do fator em causa. É o que vou fazer. Desde já alerto que os resultados podem apresentar significativas surpresas.
(Continua)

1 comentário:

  1. Parece-me que neste momento o mais importante para (eventualmente) termos hipóteses de sair da crise se centra fundamentalmente na alínea a) sem, naturalmente descurarmos o conteúdo das restantes alíneas.
    Sem ter grandes conhecimentos de economia parece-me, pelo que ouço e leio na comunicação social supostamente entendida na matéria, que o problema está no défice e que o défice só se consegue ultrapassar com o crescimento económico. Ora, tudo o que este governo tem feito parece exactamente ao contrário desta lógica, na medida em que se tem limitado a diminuir o poder de compra da maioria da população portuguesa, sobretudo a classe média, os funcionários públicos e os aposentados, quer pelos cortes nos vencimentos e reformas, quer pelo aumento sucessivo e exponencial dos impostos. Ao aumentar os impostos e diminuir o poder de compra o que é que aconteceu? Reduziu-se o investimento e muitas empresas diminuíram a produção e muitas outras foram à falência com o consequente aumento de desempregados. Aumentando os desempregados... aumenta também a despesa pública pelos respectivos subsídios de desemprego. Agora é só multiplicarmos tudo isto por muitas outras medidas deste tipo que tiveram também um efeito perverso e encontramos a razão de alguns dos nossos problemas.
    Relativamente à alínea e), já tivemos a oportunidade de pessoalmente chegarmos à conclusão de que a recuperação dos bancos Alemães (que estavam em pré-falência) se deveu à nossa crise. É lamentável a forma cobarde (qual ave de rapina) como se aproveitaram das nossas fragilidades e da incompetência dos nossos (des)governantes..

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