Texto

Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

terça-feira, 20 de maio de 2014


POR ONDE PASSAM AS SOLUÇÕES PARA PORTUGAL?

Nos meus últimos post’s abordei a questão da responsabilidade dos portugueses na crise, delineando um plano de ajustamento que nos teria permitido abordar a crise de 2008 sem as fragilidades que nos atiraram para os braços da troika. Vou agora abordar as soluções para a saída da crise, distinguindo o período da troika (já passado) e o período pós troika, que é o futuro que nos espera.

Imediatamente antes da troika temos o período de 2008 a 2010, quando fomos sujeitos ao vendaval da crise. Para esse período a poeira ainda está muito longe de assentar. Há mais que uma narrativa, há acusações mútuas, há diferentes e inconciliáveis pontos de vista sobre a responsabilidade do governo da altura (e da oposição), a responsabilidade da Europa e a responsabilidade dos mercados (incluindo aqui particularmente o papel da banca). Ainda não é o momento para que, com distanciamento, clarividência e isenção, se escreva a história. Na opinião de Gavin Hewitt trata-se de “o momento mais negro da Europa, a sua maior tragédia política desde a II Guerra Mundial”. “A crise é fruto de um delírio” que mistura “a ganância do sistema bancário” com os erros do “euro e a sua construção imperfeita”. E Philippe Legrain, conselheiro económico do presidente da Comissão Europeia revelou recentemente que a Goldman Sachs “resolveu deixar falir o Lehman, um banco rival, inventando um plano de resgate do sistema financeiro pago pelos contribuintes”. E acrescenta: ”bancos alemães e franceses, em situação de pré-colapso, tiveram de ser salvos pelas políticas de austeridade dos governos alemão e francês enquanto se passava a mensagem que os países do sul gastavam o dinheiro dos países do norte”, para concluir que a troika, (nos países onde atuou), agiu no interesse dos países credores”.  Michael Lewis é ainda mais concreto e afirma que “a Alemanha tinha colaborado ativamente com a corrupção grega” (cita a Siemens) enquanto “a Goldman Sachs tinha ajudado a camuflar a vigarice das contas, que a Alemanha e a Europa bem conheciam e silenciaram”.

Começa lentamente a escrever-se a história da crise, mas muita roupa suja ainda há para lavar. Por isso vou dar um salto por cima desse período e passar a analisar o “reinado” da troika e o pós-troika.

(Continua)

 

Sem comentários:

Enviar um comentário