POR ONDE PASSAM AS SOLUÇÕES PARA PORTUGAL?
Nos
meus últimos post’s abordei a questão da responsabilidade dos portugueses na
crise, delineando um plano de ajustamento que nos teria permitido abordar a
crise de 2008 sem as fragilidades que nos atiraram para os braços da troika. Vou
agora abordar as soluções para a saída da crise, distinguindo o período da
troika (já passado) e o período pós troika, que é o futuro que nos espera.
Imediatamente
antes da troika temos o período de 2008 a 2010, quando fomos sujeitos ao
vendaval da crise. Para esse período a poeira ainda está muito longe de
assentar. Há mais que uma narrativa, há acusações mútuas, há diferentes e
inconciliáveis pontos de vista sobre a responsabilidade do governo da altura (e
da oposição), a responsabilidade da Europa e a responsabilidade dos mercados
(incluindo aqui particularmente o papel da banca). Ainda não é o momento para
que, com distanciamento, clarividência e isenção, se escreva a história. Na
opinião de Gavin Hewitt trata-se de “o momento mais negro da Europa, a sua
maior tragédia política desde a II Guerra Mundial”. “A crise é fruto
de um delírio” que mistura “a ganância do sistema bancário” com os erros do “euro
e a sua construção imperfeita”. E Philippe Legrain, conselheiro económico do
presidente da Comissão Europeia revelou recentemente que a Goldman Sachs “resolveu
deixar falir o Lehman, um banco rival, inventando um plano de resgate do
sistema financeiro pago pelos contribuintes”. E acrescenta: ”bancos alemães e
franceses, em situação de pré-colapso, tiveram de ser salvos pelas políticas de
austeridade dos governos alemão e francês enquanto se passava a mensagem que os
países do sul gastavam o dinheiro dos países do norte”, para concluir que a
troika, (nos países onde atuou), agiu no interesse dos países credores”. Michael Lewis é ainda mais concreto e afirma
que “a Alemanha tinha colaborado ativamente com a corrupção grega” (cita a
Siemens) enquanto “a Goldman Sachs tinha ajudado a camuflar a vigarice das
contas, que a Alemanha e a Europa bem conheciam e silenciaram”.
Começa
lentamente a escrever-se a história da crise, mas muita roupa suja ainda há
para lavar. Por isso vou dar um salto por cima desse período e passar a
analisar o “reinado” da troika e o pós-troika.
(Continua)
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