Portugal
será capaz?
Para sabermos do que verdadeiramente somos capazes precisamos de começar
por revisitar a nossa história. Não vamos recuar ao tempo das conquistas aos
mouros, da luta pela independência face a Castela ou ao período épico dos
descobrimentos. Recuemos apenas algumas décadas e analisemos um lustro (período
de 5 anos) da nossa economia.
Nota: todos estes
valores foram calculados a preços constantes, de forma a tornar irrelevante o
efeito erosivo da inflação)
- o nosso PIB cresceu a uma taxa média de 4,2%
- 0 PIB per capita cresceu 20% nesse período de 5
anos
- a nossa dívida em valores brutos, cresceu apenas 0,06%
- a dívida em relação ao PIB desceu de 59,2% para
48,4% (único período da nossa história recente em que isso aconteceu de forma
consolidada, em 5 anos consecutivos
- a taxa de desemprego desceu de 7,1% para 3,9%.
De registar ainda que nesse período:
- as nossas exportações representavam apenas cerca
de 28% do PIB
- a taxa média dos juros foi 6,7%,
significativamente acima das melhores taxas que o mercado nos exige atualmente
e que hoje seria verdadeiramente escandalosa e absolutamente incomportável
- as despesas cresceram a uma taxa média de 4,1%,
valor que hoje seria quase um sacrilégio
- O nosso deficit médio foi 2,9%, abaixo do valor
máximo que durante muitos anos a comunidade europeia aceitava (3%).
Se confrontarmos
estes valores com os aterradores números da atualidade, se pensarmos em taxas
de crescimento superiores a 4%, se voltássemos a ter uma dívida inferior a 50%
do PIB, se pudéssemos hoje sonhar com taxas de desemprego inferiores a 4%, até
parece que voltaríamos a um qualquer paraíso perdido. Mas atenção, nos anos
seguintes a história começou a mudar, até chegarmos ao ponto onde estamos hoje.
Os leitores estarão
certamente a perguntar: quando é que foi isso? Terá sido nos já distantes tempos
do marcelismo? Frio, frio. Foi num
período que todos os que me leem vivenciaram, imediatamente antes da chamada
década perdida, que há pouco tempo aqui analisei. Estes números são
precisamente do período que vai de 1995 a 2000. Importa agora saber em que contexto é que tudo isto aconteceu, e comparar com a situação que temos vindo a viver desde 2008. É o que farei no próximo post.
(continua)
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