A dimensão da nossa (i)responsabilidade - (Conclusão)
- O habitual sadomasoquismo dos portugueses -
Eis então, claramente escarrapachada e quantificada, a dimensão da nossa (i)responsabilidade, da nossa incapacidade em fazer as reformas que é preciso fazer. Aqui se traduz a dimensão do nosso despesismo e da nossa fobia a pagar impostos quando é mesmo necessário.
Comparem-se agora estes números com os que resultam de termos sido atirados para o olho no furacão da crise internacional, de que resultou a entrada da troika em Portugal:
o nosso ajustamento não demora 8 anos, mas sim 40; os cortes nas nossas despesas não se ficaram pelos 2 mil milhões, mas por um valor 4 a 5 vezes maior; o aumento das receitas, via impostos, não são os mencionados 3,15% mas aqueles que me abstenho de mencionar, pois todos o sentem e conhecem e apresenta valores diferentes para cada classe social. E, atenção, tudo isto é cumulativo!
Entretanto abriram-se enormes rasgões no nosso tecido produtivo; destruiu-se o equilíbrio da nossa segurança social; reduziu-se o nível de apoio prestado pelo Serviço Nacional de Saúde; provocou-se a emigração em massa, principalmente de jovens; elevou-se para patamares inaceitáveis o nível do desemprego.
Identifiquei e quantifiquei com bastante rigor e precisão a dimensão dos nossos erros associados a algumas das causas em cima enunciadas. Digamos que correspondem aos erros e responsabilidades pelos quais o povo português é inequivocamente responsável e teria, sempre, de uma maneira ou de outra, de “expiar”. Mas deixo agora ao critério de cada um identificar, avaliar e quantificar o peso e as responsabilidades imputáveis aos nossos governantes, à troika, à Comunidade Europeia e à crise internacional, sem esquecer aqui a responsabilidade da banca e dos mercados no despoletar e avolumar da crise.
P.S. – contraímos uma dívida de 10 e vamos ter de pagar 100. Há quem ache, com naturalidade, que é o preço a pagar pelas asneiras que cometemos. Esta é a dimensão do nosso sadomasoquismo.
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