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Mistura de pensamentos, reflexões, sentimentos; um risco, assumido; uma provocação, em tom de desafio, para que outros desçam ao terreiro; um desabafo, às vezes com revolta à mistura; opiniões, sempre subjectivas, mas normalmente baseadas no estudo, ou na experiência ou na reflexão. Sem temas tabu, sem agressividades inúteis, mas sem contenção, nem receios de ser mal interpretado. Espaço de partilha, que enriquece mais quem dá que quem recebe.

segunda-feira, 19 de maio de 2014


A dimensão da nossa (i)responsabilidade - (Conclusão) 
          - O habitual sadomasoquismo dos portugueses -



Eis então, claramente escarrapachada e quantificada, a dimensão da nossa (i)responsabilidade, da nossa incapacidade em fazer as reformas que é preciso fazer. Aqui se traduz a dimensão do nosso despesismo e da nossa fobia a pagar impostos quando é mesmo necessário.

Comparem-se agora estes números com os que resultam de termos sido atirados para o olho no furacão da crise internacional, de que resultou a entrada da troika em Portugal:
o nosso ajustamento não demora 8 anos, mas sim 40; os cortes nas nossas despesas não se ficaram pelos 2 mil milhões, mas por um valor 4 a 5 vezes maior; o aumento das receitas, via impostos, não são os mencionados 3,15% mas aqueles que me abstenho de mencionar, pois todos o sentem e conhecem e apresenta valores diferentes para cada classe social. E, atenção, tudo isto é cumulativo!
Entretanto abriram-se enormes rasgões no nosso tecido produtivo; destruiu-se o equilíbrio da nossa segurança social; reduziu-se o nível de apoio prestado pelo Serviço Nacional de Saúde; provocou-se a emigração em massa, principalmente de jovens; elevou-se para patamares inaceitáveis o nível do desemprego.
Identifiquei e quantifiquei com bastante rigor e precisão a dimensão dos nossos erros associados a algumas das causas em cima enunciadas. Digamos que correspondem aos erros e responsabilidades pelos quais o povo português é inequivocamente responsável e teria, sempre, de uma maneira ou de outra, de “expiar”. Mas deixo agora ao critério de cada um identificar, avaliar e quantificar o peso e as responsabilidades imputáveis aos nossos governantes, à troika, à Comunidade Europeia e à crise internacional, sem esquecer aqui a responsabilidade da banca e dos mercados no despoletar e avolumar da crise.

P.S. – contraímos uma dívida de 10 e vamos ter de pagar 100. Há quem ache, com naturalidade, que é o preço a pagar pelas asneiras que cometemos. Esta é a dimensão do nosso sadomasoquismo.


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